A imagem foi baseada em uma descrição escrita e em um esboço, ambos de autoria anônima, de um rinoceronte-indiano que chegou a Lisboa no início daquele ano.
Valentim Fernandes, um mercador e editor gráfico de origem alemã, da Morávia, viu o rinoceronte em Lisboa pouco depois da sua
chegada, e escreveu uma carta, a descrevê-lo, a um amigo de Nuremberg, em Junho de 1515.Uma segunda carta, de
autor desconhecido, foi enviada de Lisboa para Nuremberg na mesma altura, com
um desenho de autor desconhecido. Dürer - que estava familiarizado com a
comunidade portuguesa da feitoria de Antuérpia - teve acesso à segunda carta e
desenhos em Nuremberg. Sem ter sequer visto o próprio rinoceronte, Dürer fez
dois desenhos a caneta, e
depois uma xilogravura, invertida, a partir do segundo
desenho.
A xilogravura de Dürer não é uma representação precisa de um
rinoceronte. Ela apresenta um animal com placas muito duras que cobrem o seu
corpo como camadas de armadura, um plastrão e rebites ao longo das
costuras; também tem um pequeno corno na zona do dorso, pernas com escamas e a
parte superior da coxa em forma de serra. Nenhuma destas características
físicas estão presentes num rinoceronte verdadeiro. a "armadura" de Dürer pode
representar as pesadas camadas de pele espessa de um rinoceronte indiano, ou,
tal como as outras imprecisões, podem ser acrescento criativos ou fruto de um
interpretação errada de Dürer. Albrecht também dá uma textura escamosa ao corpo
do animal, incluindo a "armadura". Esta representação pode ser uma
tentativa de Dürer de refletir o couro rude e quase desprovido de pêlos do
rinoceronte indiano, que tinha verrugas - como altos a cobrir
as suas pernas e ombros. Por outro lado, a sua representação da textura pode
indicar a presença de dermatite causada pelo seu
confinamento, durante quase quatro meses, na viagem de barco desde a Índia até
Portugal. Dürer produziu o primeiro esboço da xilogravura em 1515, a qual
apenas inclui cinco linhas de texto no seu topo. A posição notável da imagem de
Dürer, e seus derivados, decaíram a partir de meados do século XVIII, quando
rinocerontes vivos foram trazidos para a Europa, exibidos a um público curioso,
e retratados em representações mais reais.
Rinoceronte, 1515, Xilogravura
Rinoceronte Indiano
Postado por: Mayara Mayer (XiloArt)
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